terça-feira, 6 de setembro de 2011

CHEGA DE TRAIÇÃO



         Quando eu era pequeno, lembro-me de que meu pai falava muito em sindicato. Ele era pedreiro, explorado, fazia horas extras por cima de horas extras (por isso o víamos tão pouco) e nem sempre recebia por isso. Entretanto o sindicato nada fazia para melhorar sua vida e de seus companheiros. Era a época da ditadura militar e as instituições eram rigorosamente atreladas aos desejos dos donos do poder. Sindicato era uma entidade meramente assistencial. Quando íamos lá, era para uma extração de dente ou para pagar o tal SINDICATO.
       É bom lembrar que essa palavra deriva do latim que já era proveniente do grego sindikós, que significa advogado, aquele que defende. Em poucas palavras, o sindicato é uma instituição formada por pessoas de uma mesma atividade laborativa e cujo ÚNICO intuito é defender os interesses comuns da categoria. Meu pai, coitado, não conheceu essa instituição com ela deveria ser.
          Hoje não temos mais uma ditadura militar por trás do poder. Entretanto o SINDICATO               ( APEOC) ao qual sou filiado, assim como milhares de colegas de magistério, se nega a defender os interesses da categoria, preferindo, ao invés da luta, a covardia de baixar a cabeça ao governo e pedir aos professores que abandonem a frente de batalha. Uso esse termo porque é o mais indicado quando se está em combate. Quando a luta se está acirrando, quando o adversário já mostra visivelmente que está cambaleante, apesar de arrogante, quando nosso exército se aproxima da vitória, a APEOC vem e nos pede para retroceder. Lembra-me rapidamente a traição de Carlos Prestes, quando pediu ao povo apoio ao inimigo comum, Getúlio Vargas, esquecendo de vez o que o inimigo fizera, há pouco, com Olga Benaro. Assim como Carlos Prestes, a APEOC diz ser um recuo estratégico. Eu chamo a isso COVARDIA e TRAIÇÃO.
        Terminada a greve, a APEOC vai voltar a oferecer apenas pilates, serviços odontológicos, soteio de estada em casa de praia e outras atribuições de uma mera associação (não se esqueça que esse A de apeoc é de associação e não de sindicato). E eu, coitado como meu pai, vou me sentir abandonado, entregue a uma ditadura que controla os sindicatos e humilha toda a nação brasileira. A única diferença é que essa ditadura não é militar, mas civil!
       Por isso VOU ME DESFILIAR. E não é pelos reais pagos, que se juntam aos milhares de outros e se tornam milhões nos cofres da instituição. É pela vergonha de não ser protegido por quem me deveria proteger. Sinto-me órfão, como milhares de crianças Brasil a fora que, mesmo tendo um pai, se acham inseguras.
E VOCÊ, VAI FAZER O MESMO OU VAI ACEITAR ESSA TRAIÇÃO CABISBAIXO?
(Professor Alves)

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